Movimento Maker & Gerência de Projetos – Arranhando a superfície

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Criatividade, colaboração, sustentabilidade e escalabilidade, Marcelo Tas [1], aponta essas quatro características como alicerces, para o movimento Maker, a cultura do “construa você mesmo”. Pensar em um projeto “copiado” e “colado” com hardware da china, talvez impresso numa impressora 3D, “cegamente” montado como um quebra-cabeça, seguindo instruções do fabricante, é um exemplo equivocado do  “fazer você mesmo”, a ideia é agregar conhecimento, gerar novos paradigmas, a partir de uma ideia autoral, criar algo singular, sim, utilizando projetos existentes, seguindo instruções, mas, entendendo e aprendendo os conceitos utilizados na construção do projeto.

E a definição de projeto? Segundo o PMI [2] projeto é “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único”, entenda-se “único” qualquer atividade com começo, meio e fim onde pelo menos uma das variáveis mude, exemplo clássico, a edição de um jornal, cada edição (diária, semanal ou até mensal) é um projeto distinto.

Outro ponto interessante do “construa você mesmo”, é o problema que muitas pessoas apresentam: procrastinar, isto é, em vez de fazer hoje, agora, deixam para depois de amanhã o que pode ser feito amanhã. Via de regra começam um projeto entusiasmados com as possibilidades, antevendo o resultado final, mas, desistem durante o processo, abandonam o projeto pelo meio. Este cenário é mais comum do que se imagina, segundo [3] aproximadamente 20% dos adultos procrastinam quase compulsoriamente, deixando para depois, muitas vezes nunca terminam um projeto. Entre os motivos, desorganização, receio do fracasso, pouco ou nenhum autocontrole, são razões para esse comportamento.

E como levar um projeto a termo? Em outras palavras, independente da complexidade do projeto, desde a personalização e impressão 3D de um personagem em quadrinhos até a construção de um sistema integrado de domótica para gerenciar equipamentos elétrico/eletrônicos de uma residência, como iniciar, planejar, executar, monitorar/controlar e encerrar o projeto e obter os resultados positivos, além da sensação de dever cumprido? Bom, se você sempre termina todos seus projetos no prazo, nunca desistiu, pode parar de ler por aqui. Mas se você é como a maioria (inclusive o autor) e já engavetou algum projeto, pensando que um dia retomaria, venha conosco.

Liderar, muitos anseiam a liderança, mas, realmente possuem esse perfil? Isso mesmo, você se vê liderando uma equipe? Claro!? E o que isso tem a ver, pois bem, antes de gerenciar, liderar uma equipe, certamente será necessário liderar a si mesmo! Nesse caminho, a autoanálise, o autoconhecimento é essencial, conhecer seus pontos fortes e fracos, atitudes, caráter, valores, enfim, valorizar o seu melhor e trabalhar, aprimorar, até mesmo, desenvolver competências necessária para vencer o que te “segura no chão”, o que te leva a “desistir” de seus projetos. Uma ferramenta utilizada em coaching, pode ajudar a mapear seu perfil é a “Roda da vida” [4], ela auxilia na identificação de características individuais que estão equalizadas, estão ok, também auxiliar no mapeamento de seus objetivos e características que necessitam melhorar.

Um outro ponto para o sucesso, ter disciplina, nem de perto disciplina como correção ou obediência e sim, a força que move, a capacidade de continuar, mesmo frente a adversidades. De acordo com Bryan Trace [5] “Ser disciplinado é fazer aquilo que você não quer fazer, porque sabe que é importante fazer.”. Nesse sentido, surge a pergunta, quanto seu projeto é importante para você? Quais os resultados que espera alcançar, porque começou? Mesmo que os resultados de seu esforço nesse momento sejam invisíveis, geralmente, para se obter bons frutos nessa existência é necessário muito esforço, força de vontade, persistência para continuar. Existe um grande bibliografia sobre como ser autodisciplinado, de forma bastante ampla em [6] sugere-se, tenha objetivos, lembre-se da máxima “se não se sabe onde quer chegar, qualquer destino serve”, seja coerente, com certeza você é capaz de construir uma nave espacial que vá a marte, mas em quanto tempo? Divida seu projeto em pequenas partes, organize na forma de subobjetivos interconectados visando o projeto total, “dividir para conquistar”, nada como ter pequenas vitórias, ver seu trabalho, mesmo lentamente, progredindo. Esteja certo, mesmo sem sinais aparentes seu esforço trará bons frutos no futuro.

No campo de gestão de projetos, é importante entender se o trabalho a ser feito é um projeto ou uma operação continuada, repetitiva, exemplo, linha de produção de automóveis, produz vários itens iguais, numa sequência de procedimentos bem definida, já a criação ou atualização de um novo veículo caracteriza um projeto. O motivo de definir essa diferença está relacionado a abordagem de gestão para cada tipo de situação. Outro ponto a ponderar é o tamanho do projeto, ainda que um projeto Maker possa ser grande, ter muitas horas, raramente será maior que 1000 horas, logo, pode ser considerado um projeto pequeno. Existem outros fatores a serem considerados, quem é o gerente do projeto, interessados, quem financia, qual a equipe que desenvolverá, para essas questões, geralmente, a resposta é a mesma: O maior interessado é aquele que desenvolve, ou seja, você, você acumulará esses papéis!

Bom, isso posto, um bom começo é mapear o trabalho a ser realizado, mas veja, muitas vezes não temos ideia de todo o trabalho e tempo que o projeto precisará, para tanto, uma opção é tentar estimar o tempo necessário com base em projetos similares. Isso dito, segundo [7], para utilizar a gerência de projetos a pequenos projetos, pode-se utilizar os seguintes passos:

– Ter quem suporte (apoie) o projeto – Nesse sentido o principal apoiador é você mesmo, caso perca o interesse em seu projeto, certamente ele ficará somente no campo das ideias.

– Definir o escopo do projeto, novamente, qualquer um pode construir uma nave espacial, a questão é “em quanto tempo e a qual custo”. Neste quesito são definidos qual o problema (impacto) que o projeto resolverá, quais objetivos e os limites (até onde, o que será feito) que o projeto atenderá

– Estimativa e programação ou “dividir para conquistar”, mapear o projeto em pequenas etapas, elencar atividades em pequenas entregas sequenciais dispostas no tempo, além do cronograma a EAP – Estrutura Analítica do Projeto podem e devem ajudar nessa organização. Imagine fazer uma viagem sem saber quanto tempo levará para chegar, sem saber onde será necessário abastecer!

– Manter o controle da execução, gerir o que já foi realizado, saber em que ponto o projeto está, quais problemas já ocorreram, o que está por vir, quanto já foi gasto (tanto em dinheiro, quanto em tempo) comparando ao planejado.

– Encerrar cada atividade o projeto, nada mais gratificante que olhar o produto final fruto do esforço realizado. Para cada etapa concluída, o registro das lições aprendidas será fonte de conhecimento para projetos futuros, ainda, vale a sensação de vitória, tanto pela etapa, quanto pelo projeto como um todo.

Nem de perto, esse artigo objetiva abordar o universo do movimento maker e gerenciamento de projetos em suas totalidades ou mapear todos pontos em comum, na verdade, é um pequeno arranhão na superfície de ambos assuntos para que o leitor saiba: é possível aplicar gerenciamento de projetos para pequenos projetos Maker, e mais, o objetivo principal é evitar que projetos dos sonhos acabe engavetado, apenas por um “desânimo” temporário, que poderia ser evitado a partir de um posicionamento disciplinado, organizado e persistente.

[1] Tas, Marcelo – Cultura Maker: Que bicho é esse? #Descomplicado #28 https://www.youtube.com/watch?v=A9uI0UrViqg

[2] PMI (Project Management Institute). The PMBOK Guide (5ª edição). Project Management Institute, 2013.

[3] Santi, Alexandre de – A ciência da procrastinação – https://super.abril.com.br/comportamento/a-ciencia-da-procrastinacao/

[4] Roda da Vida: a ferramenta de autoconhecimento que serve para a carreira e vida pessoal – https://www.napratica.org.br/roda-da-vida/

[5] Picccini, Leandro – Como ser disciplinado – https://estudareaprender.com/como-ser-disciplinado/

[6] França, Leandro – Como Ser Mais Disciplinado Construindo Sua Própria Autodisciplina – https://www.aprimoresuamente.com/como-ser-mais-disciplinado/

[7] Larson, R. (2004). The critical steps to managing small projects. Paper presented at PMI® Global Congress 2004—EMEA, Prague, Czech Republic. Newtown Square, PA: Project Management Institute. – https://www.pmi.org/learning/library/unique-challenges-managing-small-project-8439

 

 

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Osvaldo M Cavalieri

Mestre em informática pela UFPR, MBA em gerenciamento de projetos pela FGV, especialista em redes e sistemas distribuídos pela UFPR, graduado em Tecnologia em Informática pela Escola Técnica da UFPR. Atualmente analista de informática na Companhia de Informática do Paraná, professor, com experiência em pesquisa e desenvolvimento de processos, gerenciamento de banco de dados, big data, internet das coisas, segurança da informação, inteligência artificial, infraestrutura, segmentos público, financeiro, educacional e comercial, entre outros.

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